Manutenção - Espessadores
- Luciano Lima
- 1 de fev. de 2021
- 3 min de leitura
Resolvi escrever este artigo sobre um dos equipamentos mais importantes de uma planta de mineração, visando alertar os gestores de operação e manutenção.
Durante os últimos quatro anos tenho me envolvido com inspeções, manutenções e suporte técnico para espessadores (lamas e concentrado). E acho importante compartilhar minha surpresa com os procedimentos de manutenção deste tipo de equipamento.
Apenas para contextualizar, este é um equipamento que realmente apresenta alta disponibilidade mecânica e confiabilidade.
Talvez a baixa rotação ou até mesmo as características de sua aplicação, fazem com que o equipamento opere por vários anos sem apresentar sinais de falha, mesmo sem manutenção mínima.
Entretanto, são equipamentos que apresentam elevado torque e que normalmente são responsáveis por quase toda a produção de uma usina inteira.
Acima uma imagem ilustrativa do equipamento montado em um tanque de concreto.
Em algumas mineradoras é comum observar o equipamento em operação por mais de 20, 30, 40 anos com pouca ou nenhuma manutenção e sem maiores problemas.
Entretanto, esta "zona de conforto" pode ocultar potenciais falhas catastróficas que ocasionalmente podem resultar em uma parada completa da usina por longos períodos.
Estes equipamentos em operação por décadas também possuem pouca instrumentação ou automação. Sensores de torque mecânico, sistemas de lubrificação por pescador, etc.
Normalmente o equipamento possui algum sistema de controle de torque e sistema de levantamento, sendo definido os parâmetros de operação para cada fabricante. Para cada nível de alarme é definida uma ação, seja elevação dos braços ou até mesmo a parada do equipamento.
Também é muito comum se deparar com equipamentos que foram dimensionados para determinado patamar de produção e estão operando com o dobro, algumas vezes até o triplo da alimentação a que foram projetados.
Neste momento é importante revisitar o dimensionamento do espessador, recalcular o fator K, área útil, tamanho do poço, etc.
Existem tecnologias inovadoras de poços (feedwell) que possibilitam um "Retrofit" do equipamento com a troca do poço de alimentação, permitindo que o equipamento seja novamente adequado a nova realidade de produção.
A foto acima mostra um inovador sistema de poço de alimentação que permite uma operação mais produtiva e segura.
Normalmente o planejamento de manutenção da mineradoras programam intervenções maiores ao equipamento uma vez por ano ou até mesmo manutenções bianuais.
Ou seja, o grande desafio é garantir uma segurança operacional de um equipamento em que alguns componentes ficam submersos e somente poderão ser inspecionados uma vez por ano até mesmo a cada dois anos.
Embora estejamos vivenciando uma grande transformação da indústria, com a internet das coisas ou indústria 4.0, este importante equipamento parece permanecer esquecido e seguindo ainda o caminho de manutenção "reativa" ou, na melhor das hipóteses, corretiva programada.
Existe no mercado uma grande infinidade de instrumentos e automações que permitem um maior controle operacional do equipamento, como por exemplo sensores de controle do leito, sensores de controle de massa e até sistemas de sonar para controle das zonas de adensamento de material.
A figura acima mostra um sistema de Sonar para controle de operação de espessadores.
Na verdade o intuito deste artigo foi trazer a tona a discussão sobre a operação e manutenção dos espessadores utilizados pelas mineradoras. Apesar de apresentar apenas alguns exemplos de tecnologias de vanguarda disponíveis no mercado e que podem melhorar retorno sobre o investimento dos ativos, o principal que se deve observar é um mínimo de planejamento e execução de manutenção.
Executar o reparo do cone de descarga, manutenção de braços e raspadores, controle operacional de torque sendo efetivamente utilizado, controle de velocidade de alimentação, controle de percentual de sólidos na alimentação e na descarga, consumo de reagentes, percentual de sólidos no overflow, rotina de manutenções preventivas, controle de estoque de sobressalentes vitais para retorno a operação em caso de falha, etc.
Os pontos acima parecem óbvios e de amplo conhecimento dos gestores de operação e manutenção, mas infelizmente, na prática, este é um equipamento relegado exatamente por ser operacionalmente confiável.
Referências:







Comentários